quarta-feira, 2 de novembro de 2022

RECADO DA MULHER DO CAPITÃO PARA EMILY. EDNA DOMENICA MEROLA

 


Posso contar para você, leitor/leitora, como foi que a Mulher do Capitão virou meme?


Hoje é terça feira, dia primeiro de novembro, e tem gente que está dizendo que é Dia de Todos os Santos. Saudei colegas da resistência assim: “parabéns santinhas, santinhos e santinhxs.” Mas depois perdi aquele humor morno equilibrado que prezo. (Eu disse prezo e não preso), pois as notícias eram de muita desgraça assolando o país. 


Sorte é que num grupo de watts App do qual participam democratas, criou-se uma nova tônica: a de expressar opinião sem atrelar aos nichos sindicais ou partidários. Algo parecido com bom uso da livre expressão. 


Isso me desafiava emocionalmente porque aquela raiva represada desde 2016 podia romper o dique a qualquer momento. 


Para acionar o regulador de angústia (ou seria para mostrar a premência de um golpe civil?) postaram um áudio que batizei de recado para Emily. Segue:


⸺ Passe já, pois vão tirar o WhatsApp do ar. Cadê você, Emily?


A verde e amarela tem que ir pra frente dos quartéis que nosso ídolo não pode se comprometer. Eu sou esposa de um capitão do exército. Estou falando a verdade. 

Se vocês não forem, o Brasil vai virar uma Cuba, uma Venezuela. Passe esse áudio adiante pra ver se acreditam em mim. Cadê os que organizaram os caminhoneiros e as motociatas? Sumiram todos? Não me deixem só.


E a Mulher do Capitão continuou, esbravejando:


⸺ Emily, traga minha camisa de força e o coturno, Emily, não esqueça do coturno! Traga a espada do Rei Arthur, não esqueça, Emily. Está me ouvindo, EMILY!? Marcha, Emily, com Deus pela família, igual a vó fez em 1964, Emily. Traz meu Lexotan e aquela foto do mito na motociata, Emily. Estou meio agregada ainda a um grupelho de caminhoneiros. Tenho os joelhos calejados de tanto orar na estrada...


E jejuando que o churrasco é só pros machos (ó glória!).


Diz amém, Emily, não me deixe só!



quarta-feira, 7 de julho de 2021

Centenário de Paulo Freire. Edna Domenica Merola.

Caros e caras colegas que viveram os tempos em que líamos Paulo Freire, convoco-as a disseminarem breve biografia e  carta desse grande autor brasileiro no livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar (Editora Olho D'Água, 10ª ed., p. 27-38) no qual Paulo Freire dialoga sobre questões da construção de uma escola democrática e popular. Escreve especialmente aos professores, convocando-os ao engajamento nesta mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses do ano de 1993, pouco tempo depois de sua experiência na condução da Secretaria de Educação de São Paulo.




Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19/09/1921, em Recife, Pernambuco. Faleceu em  02/05/1997, em Recife. É autor dos livros Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967; Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1970; Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1971; Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976; Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977; Educação e mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979; A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo, Cortez, 1982; A Educação na cidade. São Paulo, Cortez, 1991; Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992; Política e educação. São Paulo, Cortez, 1993; Professora sim, Tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo, Olho D'Água, 1993; Cartas a Cristina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1994; À sombra desta mangueira. São Paulo, Olho D'Água, 1995. Pedagogia de autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996. Pedagogia da indignação. São Paulo, Editora da Unesp, 2000.

Carta de Paulo Freire aos professores

Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra

NENHUM TEMA mais adequado para constituir-se em objeto desta primeira carta a quem ousa ensinar do que a significação crítica desse ato, assim como a significação igualmente crítica de aprender. É que não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.

O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente através da retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica à medida que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos diferentes caminhos e veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas, que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora, ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar, mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado.

O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe. A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai deixando claro que ela requer uma formação permanente do ensinante. Formação que se funda na análise crítica de sua prática.

Partamos da experiência de aprender, de conhecer, por parte de quem se prepara para a tarefa docente, que envolve necessariamente estudar. Obviamente, minha intenção não é escrever prescrições que devam ser rigorosamente seguidas, o que significaria uma chocante contradição com tudo o que falei até agora. Pelo contrário, o que me interessa aqui, de acordo com o espírito mesmo deste livro, é desafiar seus leitores e leitoras em torno de certos pontos ou aspectos, insistindo em que há sempre algo diferente a fazer na nossa cotidianidade educativa, quer dela participemos como aprendizes, e portanto ensinantes, ou como ensinantes e, por isso, aprendizes também.

Não gostaria, assim, sequer, de dar a impressão de estar deixando absolutamente clara a questão do estudar, do ler, do observar, do reconhecer as relações entre os objetos para conhecê-los. Estarei tentando clarear alguns dos pontos que merecem nossa atenção na compreensão crítica desses processos.

Comecemos por estudar, que envolvendo o ensinar do ensinante, envolve também de um lado, a aprendizagem anterior e concomitante de quem ensina e a aprendizagem do aprendiz que se prepara para ensinar amanhã ou refaz seu saber para melhor ensinar hoje ou, de outro lado, aprendizagem de quem, criança ainda, se acha nos começos de sua escolarização.

Enquanto preparação do sujeito para aprender, estudar é, em primeiro lugar, um que-fazer crítico, criador, recriador, não importa que eu nele me engaje através da leitura de um texto que trata ou discute certo conteúdo que me foi proposto pela escola ou se o realizo partindo de uma reflexão crítica sobre certo acontecimento social ou natural e que, como necessidade da própria reflexão, me conduz à leitura de textos que minha curiosidade e minha experiência intelectual me sugerem ou que me são sugeridos por outros.

Assim, em nível de uma posição crítica, a que não dicotomiza o saber do senso comum do outro saber, mais sistemático, de maior exatidão, mas busca uma síntese dos contrários, o ato de estudar implica sempre o de ler, mesmo que neste não se esgote. De ler o mundo, de ler a palavra e assim ler a leitura do mundo anteriormente feita. Mas ler não é puro entretenimento nem tampouco um exercício de memorização mecânica de certos trechos do texto.

Se, na verdade, estou estudando e estou lendo seriamente, não posso ultrapassar uma página se não consegui com relativa clareza, ganhar sua significação. Minha saída não está em memorizar porções de períodos lendo mecanicamente duas, três, quatro vezes pedaços do texto fechando os olhos e tentando repeti-las como se sua fixação puramente maquinal me desse o conhecimento de que preciso.

Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se acha. Ler é procurar buscar criar a compreensão do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da comunicação.

E a experiência da compreensão será tão mais profunda quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os conceitos emergentes da experiência escolar aos que resultam do mundo da cotidianidade. Um exercício crítico sempre exigido pela leitura e necessariamente pela escuta é o de como nos darmos facilmente à passagem da experiência sensorial que caracteriza a cotidianidade à generalização que se opera na linguagem escolar e desta ao concreto tangível. Uma das formas de realizarmos este exercício consiste na prática que me venho referindo como "leitura da leitura anterior do mundo", entendendo-se aqui como "leitura do mundo" a "leitura" que precede a leitura da palavra e que perseguindo igualmente a compreensão do objeto se faz no domínio da cotidianidade. A leitura da palavra, fazendo-se também em busca da compreensão do texto e, portanto, dos objetos nele referidos, nos remete agora à leitura anterior do mundo. O que me parece fundamental deixar claro é que a leitura do mundo que é feita a partir da experiência sensorial não basta. Mas, por outro lado, não pode ser desprezada como inferior pela leitura feita a partir do mundo abstrato dos conceitos que vai da generalização ao tangível.

Certa vez, uma alfabetizanda nordestina discutia, em seu círculo de cultura, uma codificação (1) que representava um homem que, trabalhando o barro, criava com as mãos, um jarro. Discutia-se, através da "leitura" de uma série de codificações que, no fundo, são representações da realidade concreta, o que é cultura. O conceito de cultura já havia sido apreendido pelo grupo através do esforço da compreensão que caracteriza a leitura do mundo e/ou da palavra. Na sua experiência anterior, cuja memória ela guardava no seu corpo, sua compreensão do processo em que o homem, trabalhando o barro, criava o jarro, compreensão gestada sensorialmente, lhe dizia que fazer o jarro era uma forma de trabalho com que, concretamente, se sustentava. Assim como o jarro era apenas o objeto, produto do trabalho que, vendido, viabilizava sua vida e a de sua família.

Agora, ultrapassando a experiência sensorial, indo mais além dela, dava um passo fundamental: alcançava a capacidade de generalizar que caracteriza a "experiência escolar". Criar o jarro como o trabalho transformador sobre o barro não era apenas a forma de sobreviver, mas também de fazer cultura, de fazer arte. Foi por isso que, relendo sua leitura anterior do mundo e dos quefazeres no mundo, aquela alfabetizanda nordestina disse segura e orgulhosa: "Faço cultura. Faço isto".


Noutra ocasião presenciei experiência semelhante do ponto de vista da inteligência do comportamento das pessoas. Já me referi a este fato em outro trabalho mas não faz mal que o retome agora. Me achava na Ilha de São Tomé, na África Ocidental, no Golfo da Guiné. Participava com educadores e educadoras nacionais, do primeiro curso de formação para alfabetizadores.

Havia sido escolhido pela equipe nacional um pequeno povoado, Porto Mont, região de pesca, para ser o centro das atividades de formação. Havia sugerido aos nacionais que a formação dos educadores e educadoras se fizesse não seguindo certos métodos tradicionais que separam prática de teoria. Nem tampouco através de nenhuma forma de trabalho essencialmente dicotomizante de teoria e prática e que ou menospreza a teoria, negando-lhe qualquer importância, enfatizando exclusivamente a prática, a única a valer, ou negando a prática fixando-se só na teoria. Pelo contrário, minha intenção era que, desde o começo do curso, vivêssemos a relação contraditória entre prática e teoria, que será objeto de análise de uma de minhas cartas.

Recusava, por isso mesmo, uma forma de trabalho em que fossem reservados os primeiros momentos do curso para exposições ditas teóricas sobre matéria fundamental de formação dos futuros educadores e educadoras. Momento para discursos de algumas pessoas, as consideradas mais capazes para falar aos outros.

Minha convicção era outra. Pensava numa forma de trabalho em que, numa única manhã, se falasse de alguns conceitos-chave codificação, decodificação, por exemplo como se estivéssemos num tempo de apresentações, sem, contudo, nem de longe imaginar que as apresentações de certos conceitos fossem já suficientes para o domínio da compreensão em torno deles. A discussão crítica sobre a prática em que se engajariam é o que o faria.

Assim, a ideia básica, aceita e posta em prática, é que os jovens que se preparariam para a tarefa de educadoras e educadores populares deveriam coordenar a discussão em torno de codificações num círculo de cultura com 25 participantes. Os participantes do círculo de cultura estavam cientes de que se tratava de um trabalho de afirmação de educadores. Discutiu-se com eles antes sua tarefa política de nos ajudar no esforço de formação, sabendo que iam trabalhar com jovens em pleno processo de sua formação. Sabiam que eles, assim como os jovens a serem formados, jamais tinham feito o que iam fazer. A única diferença que os marcava é que os participantes liam apenas o mundo enquanto os jovens a serem formados para a tarefa de educadores liam já a palavra também. Jamais, contudo, haviam discutido uma codificação assim como jamais haviam tido a mais mínima experiência alfabetizando alguém.

Em cada tarde do curso com duas horas de trabalho com os 25 participantes, quatro candidatos assumiam a direção dos debates. Os responsáveis pelo curso assistiam em silêncio, sem interferir, fazendo suas notas. No dia seguinte, no seminário de avaliação de formação, de quatro horas, se discutiam os equívocos, os erros e os acertos dos candidatos, na presença do grupo inteiro, desocultando-se com eles a teoria que se achava na sua prática.

Dificilmente se repetiam os erros e os equívocos que haviam sido cometidos e analisados. A teoria emergia molhada da prática vivida.

Foi exatamente numa das tardes de formação que, durante a discussão de uma codificação que retratava Porto Mont, com suas casinhas alinhadas à margem da praia, em frente ao mar, com um pescador que deixava seu barco com um peixe na mão, que dois dos participantes, como se houvessem combinado, se levantaram, andaram até a janela da escola em que estávamos e olhando Porto Mont lá longe, disseram, de frente novamente para a codificação que representava o povoado: "É. Porto Mont é assim e não sabíamos".

Até então, sua "leitura" do lugarejo, de seu mundo particular, uma "leitura" feita demasiadamente próxima do "texto", que era o contexto do povoado, não lhes havia permitido ver Porto Mont como ele era. Havia uma certa "opacidade" que cobria e encobria Porto Mont. A experiência que estavam fazendo de "tomar distância" do objeto, no caso, da codificação de Porto Mont, lhes possibilitava uma nova leitura mais fiel ao "texto", quer dizer, ao contexto de Porto Mont. A "tomada de distância" que a "leitura" da codificação lhes possibilitou os aproximou mais de Porto Mont como "texto" sendo lido. Esta nova leitura refez a leitura anterior, daí que hajam dito: "É. Porto Mont é assim e não sabíamos". Imersos na realidade de seu pequeno mundo, não eram capazes de vê-la. "Tomando distância" dela, emergiram e, assim, a viram como até então jamais a tinham visto.

Estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é perceber suas relações com outros objetos. Implica que o estudioso, sujeito do estudo, se arrisque, se aventure, sem o que não cria nem recria.

Por isso também é que ensinar não pode ser um puro processo, como tanto tenho dito, de transferência de conhecimento do ensinante ao aprendiz. Transferência mecânica de que resulte a memorização maquinal que já critiquei. Ao estudo crítico corresponde um ensino igualmente crítico que demanda necessariamente uma forma crítica de compreender e de realizar a leitura da palavra e a leitura do mundo, leitura do contexto.

A forma crítica de compreender e de realizar a leitura da palavra e a leitura do mundo está, de um lado, na não negação da linguagem simples, "desarmada", ingênua, na sua não desvalorização por constituir-se de conceitos criados na cotidianidade, no mundo da experiência sensorial; de outro, na recusa ao que se chama de "linguagem difícil", impossível, porque desenvolvendo-se em torno de conceitos abstratos. Pelo contrário, a forma crítica de compreender e de realizar a leitura do texto e a do contexto não exclui nenhuma da duas formas de linguagem ou de sintaxe. Reconhece, todavia, que o escritor que usa a linguagem científica, acadêmica, ao dever procurar tornar-se acessível, menos fechado, mais claro, menos difícil, mais simples, não pode ser simplista.

Ninguém que lê, que estuda, tem o direito de abandonar a leitura de um texto como difícil porque não entendeu o que significa, por exemplo, a palavra epistemologia.

Assim como um pedreiro não pode prescindir de um conjunto de instrumentos de trabalho, sem os quais não levanta as paredes da casa que está sendo construída, assim também o leitor estudioso precisa de instrumentos fundamentais, sem os quais não pode ler ou escrever com eficácia. Dicionários (2), entre eles o etimológico, o de regimes de verbos, o de regimes de substantivos e adjetivos, o filosófico, o de sinônimos e de antônimos, enciclopédias. A leitura comparativa de texto, de outro autor que trate o mesmo tema cuja linguagem seja menos complexa.

Usar esses instrumentos de trabalho não é, como às vezes se pensa, uma perda de tempo. O tempo que eu uso quando leio ou escrevo ou escrevo e leio, na consulta de dicionários e enciclopédias, na leitura de capítulos, ou trechos de livros que podem me ajudar na análise mais crítica de um tema é tempo fundamental de meu trabalho, de meu ofício gostoso de ler ou de escrever.

Enquanto leitores, não temos o direito de esperar, muito menos de exigir, que os escritores façam sua tarefa, a de escrever, e quase a nossa, a de compreender o escrito, explicando a cada passo, no texto ou numa nota ao pé da página, o que quiseram dizer com isto ou aquilo. Seu dever, como escritores, é escrever simples, escrever leve, é facilitar e não dificultar a compreensão do leitor, mas não dar a ele as coisas feitas e prontas.

A compreensão do que se está lendo, estudando, não estala assim, de repente, como se fosse um milagre. A compreensão é trabalhada, é forjada, por quem lê, por quem estuda que, sendo sujeito dela, se deve instrumentar para melhor fazê-la. Por isso mesmo, ler, estudar, é um trabalho paciente, desafiador, persistente.

Não é tarefa para gente demasiado apressada ou pouco humilde que, em lugar de assumir suas deficiências, as transfere para o autor ou autora do livro, considerado como impossível de ser estudado.

É preciso deixar claro, também, que há uma relação necessária entre o nível do conteúdo do livro e o nível da atual formação do leitor. Estes níveis envolvem a experiência intelectual do autor e do leitor. A compreensão do que se lê tem que ver com essa relação. Quando a distância entre aqueles níveis é demasiado grande, quanto um não tem nada que ver com o outro, todo esforço em busca da compreensão é inútil. Não está havendo, neste caso, uma consonância entre o indispensável tratamento dos temas pelo autor do livro e a capacidade de apreensão por parte do leitor da linguagem necessária àquele tratamento. Por isso mesmo é que estudar é uma preparação para conhecer, é um exercício paciente e impaciente de quem, não pretendendo tudo de uma vez, luta para fazer a vez de conhecer.

A questão do uso necessário de instrumentos indispensáveis à nossa leitura e ao nosso trabalho de escrever levanta o problema do poder aquisitivo do estudante e das professoras e professores em face dos custos elevados para obter dicionários básicos da língua, dicionários filosóficos etc. Poder consultar todo esse material é um direito que têm alunos e professores a que corresponde o dever das escolas de fazer-lhes possível a consulta, equipando ou criando suas bibliotecas, com horários realistas de estudo. Reivindicar esse material é um direito e um dever de professores e estudantes.

Gostaria de voltar a algo a que fiz referência anteriormente: a relação entre ler e escrever, entendidos como processos que não se podem separar. Como processos que se devem organizar de tal modo que ler e escrever sejam percebidos como necessários para algo, como sendo alguma coisa de que a criança, como salientou Vygotsky (3), necessita e nós também.

Em primeiro lugar, a oralidade precede a grafia mas a traz em si desde o primeiro momento em que os seres humanos se tornaram socialmente capazes de ir exprimindo-se através de símbolos que diziam algo de seus sonhos, de seus medos, de sua experiência social, de suas esperanças, de suas práticas.

Quando aprendemos a ler, o fazemos sobre a escrita de alguém que antes aprendeu a ler e a escrever. Ao aprender a ler, nos preparamos para imediatamente escrever a fala que socialmente construímos.

Nas culturas letradas, sem ler e sem escrever, não se pode estudar, buscar conhecer, apreender a substantividade do objeto, reconhecer criticamente a razão de ser do objeto.

Um dos equívocos que cometemos está em dicotomizar ler de escrever, desde o começo da experiência em que as crianças ensaiam seus primeiros passos na prática da leitura e da escrita, tomando esses processos como algo desligado do processo geral de conhecer. Essa dicotomia entre ler e escrever nos acompanha sempre, como estudantes e professores. "Tenho uma dificuldade enorme de fazer minha dissertação. Não sei escrever", é a afirmação comum que se ouve nos cursos de pós-graduação de que tenho participado. No fundo, isso lamentavelmente revela o quanto nos achamos longe de uma compreensão crítica do que é estudar e do que é ensinar.

É preciso que nosso corpo, que socialmente vai se tornando atuante, consciente, falante, leitor e "escritor" se aproprie criticamente de sua forma de vir sendo que faz parte de sua natureza, histórica e socialmente constituindo-se. Quer dizer, é necessário que não apenas nos demos conta de como estamos sendo mas nos assumamos plenamente com estes "seres programados, mas para aprender", de que nos fala François Jacob (4). É necessário, então, que aprendamos a aprender, vale dizer, que entre outras coisas, demos à linguagem oral e escrita, a seu uso, a importância que lhe vem sendo cientificamente reconhecida.

Aos que estudamos, aos que ensinamos e, por isso, estudamos também, se nos impõe, ao lado da necessária leitura de textos, a redação de notas, de fichas de leitura, a redação de pequenos textos sobre as leituras que fazemos. A leitura de bons escritores, de bons romancistas, de bons poetas, dos cientistas, dos filósofos que não temem trabalhar sua linguagem a procura da boniteza, da simplicidade e da clareza (5).

Se nossas escolas, desde a mais tenra idade de seus alunos se entregassem ao trabalho de estimular neles o gosto da leitura e o da escrita, gosto que continuasse a ser estimulado durante todo o tempo de sua escolaridade, haveria possivelmente um número bastante menor de pós-graduandos falando de sua insegurança ou de sua incapacidade de escrever.

Se estudar, para nós, não fosse quase sempre um fardo, se ler não fosse uma obrigação amarga a cumprir, se, pelo contrário, estudar e ler fossem fontes de alegria e de prazer, de que resulta também o indispensável conhecimento com que nos movemos melhor no mundo, teríamos índices melhor reveladores da qualidade de nossa educação.

Este é um esforço que deve começar na pré-escola, intensificar-se no período da alfabetização e continuar sem jamais parar.

A leitura de Piaget, de Vygotsky, de Emilia Ferreiro, de Madalena F. Weffort, entre outros, assim como a leitura de especialistas que tratam não propriamente da alfabetização mas do processo de leitura como Marisa Lajolo e Ezequiel T. da Silva é de indiscutível importância.

Pensando na relação de intimidade entre pensar, ler e escrever e na necessidade que temos de viver intensamente essa relação, sugeriria a quem pretenda rigorosamente experimentá-la que, pelo menos, três vezes por semana, se entregasse à tarefa de escrever algo. Uma nota sobre uma leitura, um comentário em torno de um acontecimento de que tomou conhecimento pela imprensa, pela televisão, não importa. Uma carta para destinatário inexistente. É interessante datar os pequenos textos e guardá-los e dois ou três meses depois submetê-los a uma avaliação crítica.

Ninguém escreve se não escrever, assim como ninguém nada se não nadar.

Ao deixar claro que o uso da linguagem escrita, portanto o da leitura, está em relação com o desenvolvimento das condições materiais da sociedade, estou sublimando que minha posição não é idealista.

Recusando qualquer interpretação mecanicista da História, recuso igualmente a idealista. A primeira reduz a consciência à pura cópia das estruturas materiais da sociedade; a segunda submete tudo ao todo poderosismo da consciência. Minha posição é outra. Entendo que estas relações entre consciência e mundo são dialéticas (6).

O que não é correto, porém, é esperar que as transformações materiais se processem para que depois comecemos a encarar corretamente o problema da leitura e da escrita.

A leitura crítica dos textos e do mundo tem que ver com a sua mudança em processo.

 

Notas

1 Sobre codificação, leitura do mundo-leitura da palavra-senso comum-conhecimento exato, aprender, ensinar, veja-se: Freire, Paulo: Educação como prática da liberdade — Educação e mudança — Ação cultural para a liberdade — Pedagogia do oprimido — Pedagogia da esperança, Paz e Terra; Freire & Sérgio Guimarães, Sobre educação, Paz e Terra; Freire & Ira Schor, Medo e ousadia, o cotidiano do educador, Paz e Terra; Freire & Donaldo Macedo, Alfabetização, leitura do mundo e leitura da palavra, Paz e Terra; Freire, Paulo, A importância do ato de ler, Cortez. Freire & Márcio Campos; Leitura do mundo — Leitura da palavra, Courrier de L'Unesco, fev. 1991.

2 Ver Freire, Paulo. Pedagogia da esperança — um reencontro com a Pedagogia do oprimido, Paz e Terra, 1992.

3 Vygotsky and education. Instructional implications and applications of sociohistorical psychology. Luis C. Moll (ed.), Cambridge University Press, First paper back edition, 1992.

4 François Jacob, Nous sommes programmés mais pour aprendre. Le Courrier de L'Unesco, Paris, fev. 1991.

5 Ver Freire, Paulo, Pedagogia da esperança, Paz e Terra, 1992.

6 Id., ibid.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

A vida de Lucas Bridge. Clara Amélia Oliveira

Livro: El hombre de la bahía del pájaro carpinteiro (La vida de Lucas Bridge)

Autor: Aimé Tschiffely

Sinopse:
A biografia deste inglês, Lucas Bridge, filho de missionário na Terra do Fogo (Argentina) mostra como o invasor foi chegando e tomando conta das terras indígenas aos poucos, com diferentes estratégias. Isto ocorreu em meados do século XIX, da mesma forma que ocorreu no Brasil a partir do ano de 1500 (século XVI). Alguns destes primeiros invasores da Terra do Fogo, foram violentos e mataram muitos habitantes nativos. Lucas Bridge, ao contrário, conquistou e se tornou amigo e protetor dos índios. E, segundo o biógrafo, foram os índios Ona, que pediram a Lucas que solicitasse ao governo argentino a concessão das terras para garantir sua proteção. O livro mostra a rude vida escolhida por Lucas e sua missão de se integrar com os locais, inclusive dominando a língua indígena e sendo aceito e integrado com eles. Dos índios recebeu o nome de Lanooshwaia- O homem da baía do pássaro carpinteiro (que deu título ao livro). No decorrer da leitura, a figura de Lucas se torna simpática ao leitor. Mas, apesar disto tudo, pode-se analisar o caso do ponto de vista mais geral. Porque aceitar que ceder terras indígenas para um estrangeiro seria a melhor forma de proteger os índios? Aceitar isto é desconsiderar que quem tem obrigação de proteger e preservar a cultura nativa é o governo argentino e não um indivíduo. Além do mais, Lucas é apresentado como um benfeitor, mas depois de um tempo se deslocou para desbravar o sul do Chile, da mesma forma que fez na Argentina. Aí, cai por terra justificativa que ele usou para tomar conta das terras da tribo dos Ona, na Argentina. Como assim? O benfeitor nem ficou toda a sua existência ali protegendo? Ele deixou as terras sendo gerenciadas por seus familiares. Lucas se tornou, igualmente, fazendeiro no sul do Chile. É um pouco cansativo, raciocinar sempre do ponto de vista do invasor inclusive usualmente o colocando num pedestal ou, muitas vezes, sendo estudado nas escolas como heróis da nossa história latino-americana. Assim, Lucas pode ser considerado um personagem contraditório. De um lado foi uma boa pessoa ao ponto de conquistar tribos selvagens e ter escolhido um estilo de vida como o destes nativos. Mas não deixa de ser um tipo de conquistador de terras indígenas.
Parece uma lógica de comportamento situada na longínqua era antiga, sem avanços. Cadê a humanização do planeta? E com este tipo de conquistas/invasões chegamos ao século XXI com 70 milhões de refugiados? É algo grave e inconcebível.
Achei interessante o livro pela riqueza de detalhes sobre a cultura nativa e o tipo de vida na Terra do Fogo. E ficou aquele gostinho amargo de saber que assim caminha a humanidade, invadindo/conquistando. O livro ainda cita que era comum, nesta época, grupos de exploradores invadirem aquelas terras roubando as riquezas locais, especialmente a prata. O livro se omite em questionar a conquista destas terras. Tudo é descrito como uma divisão entre conquistadores amigáveis contra conquistadores violentos. Mas a questão está na base, ou seja, na atitude de ser conquistador e suas consequências para a vida futura dos nativos destes locais.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Trovas & parcerias

20 de Junho 2020
Sal
Edna Domenica Merola e MarleneXavier Nobre

Bom para o paladar?
Em excesso faz parar.
Pro gado é medicina
Simples questão de usar

Exuberante salina
Relaxa o nosso olhar
O mar salgado é lindo!
Doce seria bonito?

Unge o recém nascido
Desde a antiguidade
Confirma a amizade quando é comido junto.

Preparamos essas trovas
Para trazer boas novas
Viva nossa soridade
Salve a fraternidade.


13 de junho de 2020
Trovas Juninas

Dupla caipira Edna e Marlene


Tem casório, convidados

Forrozeiros arretados

Cantores, animação

Não pode faltar quentão!


Santo Antonio não esquece

Da viúva, ouve a prece.

Na festa, soltam rojão

Não  deixam faltar balão!


A faca na bananeira

São João dá a primeira

Letra do nome do moço

(Pode fazer alvoroço!)


Nos folguedos, tudo pode

Arrasta pé e pagode...

Bandeirolas, no terreiro,

Padroeiro, sanfoneiro.


A lua cheia convida

Essa nossa despedida,

Santo Antônio, São João,

São Pedro... Recorda não?

segunda-feira, 15 de abril de 2019

A metáfora da harmonia. Edna Domenica Merola.

            Nas tardes de sábados, na casa dos meus pais tinha sessão de música. Minha prima e dois colegas do conservatório tocavam acordeão. Os amigos chamavam-se Luís. Um tinha sobrenome português e o outro espanhol. Os instrumentos musicais dos três eram do tipo super sexta e tinham sido importados da Itália.
            Quando tocavam Granada, chamavam-me para cantar, já que eu era criança e alcançava alguns sons agudos que havia naquela partitura.
            A prima e os Luíses receberam o diploma de instrumentistas juntos, mas a vida os levou para lugares sociais diferentes. O Luís descendente de espanhóis tornou-se um importante advogado na cidade do Rio de Janeiro. A prima, uma empresária do ramo da educação. O Luís de descendência lusitana seguiu em empregos de contabilidade.
            Os acordeões ou sanfonas não fizeram parte de outras fases de minha vida, mas os acordes do trio impregnaram minha alma. Com a minha admissão enquanto participante privilegiada do público das audições do sábado e, principalmente, com a minha promoção a vocalista do conjunto, os três deixaram-me igual e enorme herança: o gosto pela musicalidade.
            Na maturidade, após a impossibilidade de cantar Granada, tal gosto se manifesta na premência de escrever versos livres e sonetos e ainda textos em prosa do tipo colagem com citações de versos musicados por compositores populares.
            Aos três vai a minha: gra-ti-dão, assim cantada: “mi, lá, sol”.
           Deixaram-me o gosto pelos saraus e a noção de que a transmissão é prioritariamente inter geracional e que todos são importantes nas experiências coletivas, até o menor ou o mais agudo dos seres.

        Ensinaram-me que quem fala mais grosso é o tenor, mas que ele não é o dono da harmonia. É ela comunhão, simplicidade, singeleza, parceria, integração.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

POTENCIAL E MORMAÇO. Por Oleni de Oliveira Lobo.

Potencial e Mormaço. Oleni de Oliveira Lobo 
(psicóloga e assessora na área de desenvolvimento de potencial humano).

Preparar um assunto novo é ótimo. Sabemos que ninguém ainda discutiu sobre o mesmo e tem muitos ângulos para abordar, mas um assunto como potencial me fez chegar perto do prazo a qual iria realizar a palestra e por mais que pesquisasse os assuntos correlacionados, nenhum me fornecia pistas para minha forma de abordagem.
Perdi a batalha para não perder a guerra. Larguei a atividade e fui caminhar na praia, curtir o barulhinho do mar, as risadas das crianças felizes por poderem curtir o prazer da areia em seus corpinhos e tentar descobrir os mistérios das formações das ondas. Alguns com medo das desconhecidas, outros curiosos e outros que simplesmente curtiam e saboreavam o prazer das borbulhinhas destas misteriosas ondas do mar!
Não estava sol, dava para sentir apenas o calor do mormaço. Algumas pessoas já experientes passavam seus protetores, outras menos avisadas curtiam o dia sem saber que no dia seguinte estariam com ardor provocado pelo sol inexistente.
Sol inexistente? Existe? É o mormaço é algo assim, suas qualidades não são visíveis a olho nu. É necessário conhecer ou pelo menos observar a diferença entre um dia simplesmente frio e cinzento de um clima cujo poder está ali onipresente.
E nosso potencial? O potencial como o mormaço é algo valioso, está presente em todos nós. É o kit de “ser humano” que recebemos ao nascer. Toda nossa infinita capacidade de interferir, mudar, cuidar, fornecer equilíbrio e até mesmo manter no universo.
Algo valioso quando explorado e conhecido, mas que pode se tornar algo que nos torna à mercê da impulsividade e não da espontaneidade.
Como desenvolver e descobrir todo este pote de ouro (como diziam os duendes)?
Ao final do arco íris? Sim, mas “nosso” arco íris. Para chegarmos próximo ao arco íris temos uma verdadeira caminhada de aventura e sob uma forte crença. Crença se faz com a união da mente, coração e espírito.
Como sei que todos gostam de mandamentos, de passos, de receitas, listei alguns que podem facilitar.
Quero ressaltar, porém que ser humano não tem manual, nem tão pouco receitas... O que existe escrito são experiências de pessoas ousadas: que realmente querem saber sua missão na vida. Portanto, ao final desta pequena lista acrescente os teus passos.

1-  Aventure-se: faça coisas que nunca fez antes, temos a tendência a nos acomodar em nossos atos que consideramos heroicos. Os treinamentos de líderes hoje em dia são realizados na mata, em montanhas, em corredeiras. Claro que com toda segurança e pessoas que são feras no assunto.
2-    Enfrente seus medos: Nem que seja para decidir que não fará determinada coisa por não lhe dar prazer e não porque deseja evitá-la.
3-    Adquira conhecimento: converse com as pessoas de diferentes tipos, mesmo aquelas que segundo tua ótica são inúteis à tua vida. Nem imaginas o quanto podes aprender. Até mesmo utilizar coisas que elas saibam, mas por preguiça não fazem nada com aquilo.
4-    Diga que é possível. Retire palavras negativas de seu vocabulário. Só considere algo impossível se por acaso nenhum ser humano fez ainda, pois se algum ser de carne e osso fez, então nós podemos. Claro... Temos que nos esforçar para isto!
5-  Tenha perseverança: algo novo pode demorar mais para ser assimilado, principalmente algo de que não gostamos.
6-    Crie alternativas: seguir um único caminho pode levar a obsessão e camuflar os nossos potenciais. Leia o manual da natureza, podemos optar por tantos meios a chegar a um destino e muitas vezes até mudá-lo.
7-    Dance: combine o que a música pede com o que teu corpo responde sem se preocupar se os passos estão na moda ou não. Afinal para virar moda alguém foi louco o suficiente para começar...
8-    Liberte-se: aderência é significado de dor e não de prazer. Ficar grudado em algo e na dependência de outros a espera dos acontecimentos não é algo para seres humanos é para objetos inanimados. Seres humanos existem para interferir de alguma maneira.
9-  Tenha paciência. É diferente de esperar. Saber aguardar o momento correto para determinado acontecimento ou colocação. Enquanto espera, já pode curtir novas coisas da vida. Muita gente acha que ter paciência é ficar inerte, contemplando as coisas apenas. Ledo engano ter paciência é não exigir e não expor nada antes do tempo a exemplo da culinária: “um bolo é uma delícia, mas se retirado antes...”, porém, enquanto ele está no forno, muitos preparativos são feitos: a travessa, os pratinhos, os cremes, os complementares entre outras coisas. Na vida é assim enquanto esperamos um resultado podemos tratar de outras coisas ou descobrirmos novos caminhos.
10-   Ouça seu coração: o coração guarda muitos segredos não de forma poética, como psicóloga deveria dizer o cérebro. Sim no cérebro depositamos toda nossa existência, porém é o coração o grande dedo duro (Desculpe-me, Senhor Coração!). O coração é delator daquilo que nos assusta, nos dá prazer, nos dá segurança ou crescimento. Quantas vezes uma pessoa está em seu auge (segundo a ótica de terceiros) e de repente começa a sentir taquicardia (sem nenhuma doença física aparente), ou mesmo melancolia (até diz não tenho motivos para isso). É o coração dizendo: “estás muito parado”... “Inerte”... “Continue”... “Ainda tens muito a fazer”... “Mecha-se!”.
11- Observe a natureza: todo segredo da humanidade está na natureza. Pode observar uma árvore crescer. Todos seus momentos. Germina, cresce, aparece, sobressai-se e... recomeça....
12- Regue as raízes, mas não deixe de admirar o céu: nossos valores são importantes como força, história e memória, mas se ficarmos presos a eles, nunca formaremos /acrescentaremos algo a eles.
13- Ame: amar não significa aprisionar. Comece a amar a si próprio. Desta forma jamais em tempo algum acharás que não és amado por alguém. Ame de forma solta. Ame seu trabalho. Procure algo atrativo caso não tenha opção de troca. Quando você aprisiona um duende, diz a lenda, ele te dá o seu pote de ouro. Triste isso!Não é! Ele te dá o que é de mais valioso e perde seus poderes de duende. Não faça isto com a pessoa amada.
14- Não se iluda: não existe no mundo a função “parada” quando paramos com certeza andamos para atrás. Isso aprendi orientando pais de pacientes que têm limitação neurológica, mesmo com progressos, nenhum pode ficar um dia sem fazer sua “lição de casa”. Quando isso acontece, é porque seus pais ficam com dó. E o resultado é que eles acabam perdendo parte de seus progressos.
15- Não exagere. Sabemos que nosso maior defeito é nossa qualidade utilizada de forma exagerada e isso acontece quando estamos em desequilíbrio ou quando não conhecemos as nossas qualidades ou não reconhecemos os nossos defeitos e  nos deixamos comandar por eles. As rédeas de nossa vida devem estar sempre em nossas mãos.
16- Saiba A QUE VEIO: é importante saber o que pretende o que quer fazer e sempre estar revendo isto. Terás uma surpresa, pois verás que conseguistes muitas coisas por tua capacidade.
17- Deixe a preguiça de lado: tem pessoas que usam seu potencial de persuasão para fazer com que outros façam por ele aquilo que ele deveria estar fazendo. Na ilusão de sua esperteza vai acreditando que não é capaz de fazer nada. Eta crença acaba se tornando sua verdade.  CUIDADO este item é o mais perigoso, assim como a acomodação no sucesso.
18- Varie seu grupo social: amplie sua roda de amigos. Diversifique-os. Muitas pessoas têm imaturidade afetiva: só sabem cultivar uma amizade de cada vez. Essa atitude pertence à idade de 2 a 3 anos...Vamos crescer!
19-  Cultive plantas: ou pelo menos vá ao mato uma vez por ano.
20- Tenha o que queres ter, não se contente com o que podes ter. Aprendi com uma amiga: "prefiro esperar e ter o que quero e não me subjugar ao que posso ter”. Claro que devemos enquanto esperamos usufruir o que conseguimos, porém não nos esquecermos do desejo original. Como diz os conceitos da neurolinguística devemos não somente pensar, mas agir como pessoas de “grandes feitos” , assim seremos um deles...
21-  Ação: coloque em prática o que desejas, nem que seja para descobrir que não era bem aquilo... A prática faz com que tenhamos novas respostas.

22- Qual é esta? Espero que você me diga, utilizando o local específico para comentários.




Rede Pró Educação e Cultura de Idosos

Segunda-feira, 28 de dezembro de 2015.

SAGRADO ANO. 2016... SAGRADA FAMÍLIA. Oleni Oliveira Lobo.


Família traduz o verdadeiro significado de ideias, integração entre o novo e o tradicional, a submissão e o questionamento. Traduz harmonia entre os diferentes, sejam eles: criança, adulto, homem, mulher.
A família é prova viva do amor incondicional e de que as diferenças são valiosas. Aceitar-se diferente é crescer e cortar cordões umbilicais.
Família é troca: é o fundir de ideias, recriando e abrindo um leque de luz sobre o que já existe pulverizado de amor, valores e aconchego.
Um brinde ao renascimento, à rematrização de nossa existência em uma viagem por nossa essência, absorvendo o que existe de melhor para compartilhar com os entes especiais/Vips, que conosco convivem.
Deixar as portas abertas para novos desafios e colheitas de dias inesquecíveis, aproveitando a beleza deslumbrante de nossa natureza.
Um 2016 doce e repleto de significado/resignificado em nossas vidas!
Que cada dia, cada hora seja vivida em toda sua plenitude, olhando a vida por um ângulo diferente, com uma nova perspectiva, iluminada pela incessante melhoria da alma e do espírito, aproveitando as oportunidades às vezes camufladas, mas verdadeiros tesouros.
Que floresçam em nossos corações os sentimentos puros, inocentes, simples, alegres, cheios de esperança, e fé na magia como de uma criança que vem ao mundo para renová-lo de forma cativante.

Florescer ao novo e repintar o quadro, edificando um mundo melhor.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Poema Nova Era. Antonio Felix da Silva.


   
Comentário de Edna Domenica Merola:



A poética de Felix é "luz do dia": "disco dourado do sol"... É "uma flor" que devolve "a alegria"... É um "coração" que "irradia felicidade"... A poética de Felix anuncia "um novo dia" e leva "a um meditar profundo" no qual a "síntese do sol" "ilumina a flor". Se a leitura do poema 'Nova Era' não puder transmutar "almas brutas em seres espirituais" (num breve momento), pede-se ajuda das "almas que praticam o amor" com gestos simples como o da leitura de um poema para alguém.




sexta-feira, 29 de janeiro de 2016


Poema 'Como Saber'. Antonio Felix da Silva.


COMO SABER?
Antonio Felix da Silva (2014) *

Uma dúvida cruel persegue minha alma,
Não sei por que voltei novamente aqui,
Para esta ilha tão distante de onde nasci,
Seria resgaste e aprendizado constante?

Por donde vou, olho ou passo apressado,
As lembranças envolvem o meu coração,
Como dantes faziam águas e areias do mar,
Que no passado me aconchegavam na solidão.

As lembranças presentes no inverno daqui
Ampliam-se nas noites quentes de verão,
E só me liberto delas na doce paz da oração.

Na minha vida, constante é a solidão e a tristeza,
Que me atormentam e também me dão a certeza,
Que se aqui voltei foi para aprender e ensinar. 


* Antonio Felix da Silva é escritor e professor voluntário de Esperanto.  Para conhecer a trajetória literária de Felix, acesse o blog NETIATIVO, para ler a postagem: Diálogo entre Antonio Felix da Silva e Edna Domenica Merola. No link:

http://netiativo.blogspot.com/2016/01/dialogo-entre-antonio-felix-da-silva-e.html 

Quarta-feira, 27 de janeiro de 2016.

Diálogo entre Antonio Felix da Silva e Edna Domenica Merola.
Funções do entrevistado após aposentadoria: professor voluntário de Esperanto, conferencista, escritor.
Ensinamentos desta entrevista sobre a escrita: há influências da linguagem oral no uso da língua escrita; há influências da pesquisa, da experimentação e da curiosidade na escrita.

EDNA: – Quais os projetos dos quais participou nos últimos três anos?

FELIX: – Fui  Professor Voluntário da Língua Internacional Esperanto no NETI/UFSC.

EDNA: – Exerceu algum outro voluntariado?

FELIX: – Conferencista, em entidade Espírita. E publico semanalmente artigos em Esperanto e Português no Jornal Biguaçu em Foco. (www.jbfoco.com.br).

EDNA: – Qual gênero (poesia, romance, crônica)  prefere ler?

FELIX: – Todos os gêneros.

EDNA: – Seu autor preferido é nacional ou estrangeiro?

FELIX: – Não tenho preferência.

EDNA: – Quais os autores brasileiros preferidos?

FELIX: – Cora Coralina, Jorge Amado. Todos bons escritores.

EDNA: – Quais as preferências em relação à escrita? Prefere escrever poesia? Prosa? Texto para teatro?

FELIX: – Sou um curioso que experimenta. Prosa, Poesia e Teatro são minhas tentações.

EDNA: – Você escreve sob inspiração?

FELIX: – Prosa e poesia, sim. Na prosa a pesquisa também faz parte.

EDNA: –  O que diz sobre o livre fluxo da inspiração? 

FELIX: – Vejo uma cena ou algo e a inspiração aflora.

EDNA: – Quais as facilidades em relação à escrita?

FELIX: – A espontaneidade que a inspiração permite.

EDNA: – Quais os desafios?

FELIX: – Vícios de linguagem, por ter vivido muito tempo na zona rural.

EDNA: – Já publicou livros? Em caso positivo, identifique-os.

FELIX: – Poemas: EMPATIA – S672e – Silva, Antonio Felix da  - Empatia/Antonio Felix da Silva – Coleção Grupo Oficina de Letras – Vol. 5 – 50p. – 1. Poesia. I. Título. – CDD  - 869.91 – CDU 869.0(81)-1.
Participei de mais de 25 títulos (Contos, Crônicas e Poesias) de várias Editoras Brasileiras.
Tenho pronto para publicar:
- História de Vida: Professor Cícero Pereira.
- Infantil: A Serpente e a Pomba (em Português e Esperanto) Publicada em Esperanto em Setembro de 2015 na Revista Brazila Esperantisto da Liga Brasileira de Esperanto.

EDNA: – Grata pelo privilégio deste diálogo. Acredito que todos os que lerem este registro sentir-se-ão presenteados. Seguem poemas de autoria de Felix.


Sexta-feira, 8 de janeiro de 2016.


MULHER
ANTONIO FELIX DA SILVA

 
COMO CÁLIDA FLOR – ELA EXISTE É REAL,

PARA QUE O PRÓPRIO MUNDO POSSA EXISTIR.


COMO LIBÉLULA ELEGANTE – ELA ATUA IDEAL

PARA QUE O PRÓPRIO MUNDO SEJA O PARAÍSO.


COMO UMA FONTE PRIMOROSA – ELA DÁ A VIDA,

MULTIPLICA OS SERES – POVOA TODO O MUNDO.


ELA É A MULHER – A MÃE DE TODOS NÓS,

TAMBÉM AMANTE, IRMÃ, COMPANHEIRA E AVÓ.


ELA É A BELEZA DOS ANJOS QUANDO AMA E SORRI.

MAS NO MUNDO ELA É APENAS UMA FLOR – O AMOR!


SILVA, Antonio Felix da
EMPATIA/Antônio Félix da Silva
Coleção Grupo Oficina das Letras – Vol. 5
50p.


1. Poesias - 1994.