A Síndica Sem Noção é profissional. Quer
dizer apenas que não é condômina e recebe um salário. Acabou de fazer um
estágio aligeirado onde aprendeu a ter fala mansa e dissimulada. Dá cada
desculpa esfarrapada que ninguém que pague o condomínio regularmente merece.
Mas o pior de tudo é que pratica o falso
testemunho e faz intrigas entre moradores e funcionários para se isentar de
apresentar soluções aos problemas corriqueiros do condomínio. Persegue
mulheres divorciadas. Pratica racismo. Mas o mais inusitado foi como ela entrou em campo no caso do funcionário que pisou na bola contra uma condômina idosa e com problemas de mobilidade.
Há em cada bloco, um local onde o lixo é
depositado pelos próprios moradores. O acesso, é portanto, livre aos
condôminos, mas fica próximo da saída de serviço.
No segundo mês do ano, a administradora já
dispensara (ou perdera) um zelador e contratou uma pessoa com necessidade de
atendimento psiquiátrico.
Devido a seu comprometimento psíquico entendeu
que devia disciplinar uma idosa impedindo-a de se dirigir ao estacionamento de
seu carro e aproveitar a saída de serviço para jogar o lixo como fazem todos os
moradores, há anos seguidos.
O zelador tentou impedi-la com seu corpo, tentando dar-lhe uma rasteira. Felizmente, a senhora usou a bengala para detê-lo. Como conseguiu? Instinto de sobrevivência ou graças aos exercícios que faz duas vezes por semana na Hidroginástica da Universidade?
Ele
reclamou bem alto, como menino que grita no jogo de futebol porque perdeu o
lance.
- Coitado! - disse a síndica ao saber do ocorrido. Perder o lance para uma idosa manca! Deprimente!
Edna Domenica
Paulistana, bacharel em Letras (USP), pedagoga, psicóloga, psicodramatista (IBP, FEBRAP) e especialista em atenção à saúde da pessoa idosa (UFSC).
É autora de A volta do Contador de Histórias ( Nova Letra, 2011), No Ano do dragão ( Postmix, 2012), As Marias de San Gennaro (Insular, 2019), O Setênio (Tão Livros, 2024).
A acessibilidade é um fator importante para garantir a integridade física da pessoa idosa, diminuindo riscos de queda, de estresse, de gastos excessivos, etc.
ResponderExcluirO direito de "ir e vir" é garantido pela Constituição Federal. O direito à propriedade pela mulher idosa é garantia legal.
ResponderExcluirUma amiga de um projeto da Universidade para idosos escreveu "Não consegui comentar no blog. Meu celular está meio enfezado. Pode ter sido baseado em fatos reais. Não tenho certeza. Só sei que é desumano". Beijos.
ResponderExcluirOutra amiga também idosa escreveu " Bom dia ! Parabéns pelo teu texto bem explicativo e expondo a falta de respeito para com as pessoas.É uma pena mas é a síndica quem sai perdendo pela postura dela."
Verossimilhança ocorre quando os personagens e os fatos narrados parecem ser verdadeiros. Avalie essa história, leitor ( a).
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