Numa interessante oficina para educadores, uma das estratégias
utilizadas apresentava um texto e uma imagem diferentes para cada um dos grupos. A tarefa era tecer as possíveis associações entre o texto verbal e o 'imagético'. E, em seguida, cada grupo deveria formular uma questão.
Um dos grupos recebeu uma imagem que alguns de seus membros identificaram como rosas e os demais como tulipas. E um poema de autor desconhecido.
Questionaram o que as flores teriam em comum com a amizade (tema do texto).
http://www.mundodeflores.com/images/fotos-flores-tulipas.jpg?phpMyAdmin=9ea091c51a5aa3cf876fb3cf0a5f7f3d |
No
entanto, o cultivo de ambas no hemisfério sul é bem diverso. Rosas se adaptam
mais ao nosso clima e seu cultivo acaba sendo considerado algo simples. No
nosso território a tulipa é exótica e rara (valores positivos), mas mal
adaptada (valor negativo).
Ao pensar
na construção de metáforas comparando flores e a amizade, nos deparamos com a
questão tanto de seu cultivo como do prazer que nos proporcionam.
Flores
raras ou corriqueiras enfeitam, embelezam, perfumam... São bem-vindas, assim
como a amizade.
Mas cada
laço afetivo que une duas partes demanda algo que vai além da intenção, da afinidade
'gratuita' e da aparência (que se nos apresenta como familiar, honesta,
bondosa, agradável, acolhedora, aconchegante...).
Cada
vínculo entre duas pessoas demanda a utilização de energia na construção e na
manutenção desse 'estar' que chamamos de amizade... E que nos leva a reconhecer
o outro como amigo.
A
princípio é possível ser uma pessoa 'amistosa', ainda que sem amigos.
Assim
como pessoas não 'amistosas' podem ter contatos com várias pessoas que as
chamam de amigas.
Há sempre
algum contato que demanda da outra parte o cuidado intenso como o que pede uma tulipa, e, no entanto, só retribui propocionando uma única florada. Ser professora às vezes pede esse grau de
percepção do processo de desabrochar delicado que precisa de temperatura
diversa daquela que o grupo é capaz de oferecer em dado momento.
O processo de aprendizagem não implica em
cuidados voltados para alterar a natureza dos seres. Implica antes em
explicitar o potencial existente nessa natureza de maneira que caminhos de
adaptações sejam buscados pelo aprendiz.
A aprendizagem altera antigas percepções
sobre o mundo e sobre si mesmo...
Eis porque como aluna ou como
professora, sempre estou envolvida com novas aprendizagens.