quinta-feira, 5 de março de 2015

Lições sobre Cuidar/Ser Cuidado. Edna Domenica Merola.

Numa interessante oficina para educadores, uma das estratégias utilizadas apresentava um texto e uma imagem diferentes para cada um dos grupos. A tarefa era tecer as possíveis associações entre o texto verbal e o 'imagético'. E, em seguida, cada grupo deveria formular uma questão.
Um dos grupos recebeu uma imagem que alguns de seus membros identificaram como rosas e os demais como tulipas. E um poema de autor desconhecido.
Questionaram o que as flores teriam em comum com a amizade (tema do texto).
Em casa, consultei imagens de tulipas que poderiam ser consideradas semelhantes a rosas. As tulipas em botão, de fato se assemelham àquelas. Vide  http://www.mundodeflores.com/rosas-fotos-tulipas.html


http://www.mundodeflores.com/images/fotos-flores-tulipas.jpg?phpMyAdmin=9ea091c51a5aa3cf876fb3cf0a5f7f3d
No entanto, o cultivo de ambas no hemisfério sul é bem diverso. Rosas se adaptam mais ao nosso clima e seu cultivo acaba sendo considerado algo simples. No nosso território a tulipa é exótica e rara (valores positivos), mas mal adaptada (valor negativo).
Ao pensar na construção de metáforas comparando flores e a amizade, nos deparamos com a questão tanto de seu cultivo como do prazer que nos proporcionam.
Flores raras ou corriqueiras enfeitam, embelezam, perfumam... São bem-vindas, assim como a amizade.
Mas cada laço afetivo que une duas partes demanda algo que vai além da intenção, da afinidade 'gratuita' e da aparência (que se nos apresenta como familiar, honesta, bondosa, agradável, acolhedora, aconchegante...). 
Cada vínculo entre duas pessoas demanda a utilização de energia na construção e na manutenção desse 'estar' que chamamos de amizade... E que nos leva a reconhecer o outro como amigo. 
A princípio é possível ser uma pessoa 'amistosa', ainda que sem amigos. 
Assim como pessoas não 'amistosas' podem ter contatos com várias pessoas que as chamam de amigas. 
Há sempre algum contato que  demanda da outra parte o cuidado intenso como o que pede uma tulipa, e, no entanto, só retribui propocionando uma única florada. Ser professora às vezes pede esse grau de percepção do processo de desabrochar delicado que precisa de temperatura diversa daquela que o grupo é capaz de oferecer em dado momento.
O processo de aprendizagem não implica em cuidados voltados para alterar a natureza dos seres. Implica antes em explicitar o potencial existente nessa natureza de maneira que caminhos de adaptações sejam buscados pelo aprendiz.
A aprendizagem altera antigas percepções sobre o mundo e sobre si mesmo... 

Eis porque como aluna ou como professora, sempre estou envolvida com novas aprendizagens.