Posso contar para você, leitor/leitora, como foi que a Mulher do Capitão virou meme?
Hoje é terça feira, dia primeiro de novembro, e tem gente que está dizendo que é Dia de Todos os Santos. Saudei colegas da resistência assim: “parabéns santinhas, santinhos e santinhxs.” Mas depois perdi aquele humor morno equilibrado que prezo. (Eu disse prezo e não preso), pois as notícias eram de muita desgraça assolando o país.
Sorte é que num grupo de watts App do qual participam democratas, criou-se uma nova tônica: a de expressar opinião sem atrelar aos nichos sindicais ou partidários. Algo parecido com bom uso da livre expressão.
Isso me desafiava emocionalmente porque aquela raiva represada desde 2016 podia romper o dique a qualquer momento.
Para acionar o regulador de angústia (ou seria para mostrar a premência de um golpe civil?) postaram um áudio que batizei de recado para Emily. Segue:
⸺ Passe já, pois vão tirar o WhatsApp do ar. Cadê você, Emily?
A verde e amarela tem que ir pra frente dos quartéis que nosso ídolo não pode se comprometer. Eu sou esposa de um capitão do exército. Estou falando a verdade.
Se vocês não forem, o Brasil vai virar uma Cuba, uma Venezuela. Passe esse áudio adiante pra ver se acreditam em mim. Cadê os que organizaram os caminhoneiros e as motociatas? Sumiram todos? Não me deixem só.
E a Mulher do Capitão continuou, esbravejando:
⸺ Emily, traga minha camisa de força e o coturno, Emily, não esqueça do coturno! Traga a espada do Rei Arthur, não esqueça, Emily. Está me ouvindo, EMILY!? Marcha, Emily, com Deus pela família, igual a vó fez em 1964, Emily. Traz meu Lexotan e aquela foto do mito na motociata, Emily. Estou meio agregada ainda a um grupelho de caminhoneiros. Tenho os joelhos calejados de tanto orar na estrada...
E jejuando que o churrasco é só pros machos (ó glória!).
Diz amém, Emily, não me deixe só!