Stéphane Robelin é o diretor e roteirista de – E se vivêssemos todos juntos? – França, 2010. O protagonista da história é um
grupo: dois casais que vivem em suas respectivas residências e mais um amigo
que mora sozinho. Os cinco visitam-se regularmente. No início da história,
preservam seus hábitos de adultos, apesar da idade avançada.
Claude
(ator Claude Rich, hoje com 84 anos e na filmagem com 80 anos) mora só, mas tem um filho já maduro. A
vida social de Claude se resume a encontros com mulheres profissionais do sexo,
além das visitas aos amigos. Há quarenta anos, Claude teve casos secretos com as
esposas dos amigos Jean (Guy Bedos, 79) e Albert (Pierre Richard, 79). São
elas: Annie (atriz Geraldine Chaplin, 69) e Jeannie (Jane Fonda,
76).
Jeannie
foi professora universitária. É lúcida, inteligente, sociável, mas sofre de
doença incurável e esconde sua ‘terminalidade’ do marido que é portador de
transtorno de memória. Jeannie contrata um estrangeiro para levar o cachorro do
casal para passear. O jovem alemão é pesquisador, tendo por foco a visão
contemporânea do idoso. Seu orientador aconselha-o a realizar uma pesquisa de
campo. Jeannie permite que ele passe a residir com eles. Jeannie cuida de
pormenores de sua ‘terminalidade’ e de cerimônias de enterro e de adeus, com a
cumplicidade de Dirk (Daniel Brühl,
35).
O
personagem Jean – ex - militante de esquerda e que viu na infância o pai ser
morto pelos nazistas – sugere morarem juntos como nas comunidades hippies que existiram nos anos sessenta.
Após o filho de Claude colocá-lo num asilo, o grupo resolve retirá-lo de lá e os
amigos passam a morar juntos.
Após a morte de Jeannie, o
marido Albert sai às ruas para procurá-la, pois não se lembra de ter ido a seu
enterro. Esquece que ela morreu, isto é, não consegue elaborar emocionalmente o
ocorrido. O grupo de sobreviventes e o jovem pesquisador o acompanham. A cena
mostra a técnica do duplo, utilizada em Psicodrama, quando o protagonista
necessita de alguém que faça por (e com)
ele o que não consegue fazer sozinho. Ou seja, Albert precisa de um egoauxiliar para prover o necessário
para sua vivência que para ele se resume em elaborar a dolorosa perda da esposa
e ego-auxiliar.
As relações entre gerações
mostradas no filme espelham vínculos familiares emocionalmente distantes. Há um
único abraço ‘intergeracional’ e que acontece entre o jovem pesquisador e a
idosa Jeannie (pesquisadora acadêmica aposentada) que coloca a questão: “– Por
que não pensamos nos últimos anos?”
Em Psicodrama, há
modalidades de atendimento como terapia de casais e terapia de família. Essas
práticas envolvem novas demandas de pesquisas sobre casais de idosos e famílias
nucleares com membros idosos.
O aumento demográfico e
consequentemente da população idosa pode ter por foco o fenômeno social da
longevidade como algo profícuo aos estudos das filosofias da natalidade tais
como os de Hannah Arendt. Tal fenômeno poderá intensificar os estudos da
Psicologia do Desenvolvimento e das Ciências Profiláticas da Saúde em geral, envolvendo
grupos de sujeitos a partir de quarenta anos de vida. Vale intensificar os
estudos iniciados por Vygotsky e explicativos de que a aprendizagem se circunscreve num processo histórico-cultural.
Após a inauguração da Era Digital, os estudos do funcionamento
cerebral e o mapeamento das áreas em suas funções comprovam a versatilidade do funcionamento cerebral.
Estudos há que se reportam à inteligência emocional (Daniel Goleman), e às inteligências múltiplas (Howard Gardner), espelhando aquelas descobertas
da neurologia. Esse estado de questão nos convida a afirmar que, enquanto o
cérebro não morre (ou até que a última centelha se apague) estão abertas as
possibilidades de aprendizagens e reaprendizagens.
O desenvolvimento de
pesquisas reverterá para o atendimento das demandas demográficas que pelas
projeções estatísticas presentes terão seu auge em 2050, quando a porcentagem
de maiores de 65 anos será maior do que a dos menores de 65.
Aos jovens pesquisadores da
década presente e às futuras gerações, a saber: das décadas de 20, 30 e 40 do
século XXI, desejamos o sucesso que o personagem Dirk
teve na trama do filme: E se vivêssemos
todos juntos?
Concluo a leitura do filme
parodiando seu título – E se
pesquisássemos todos juntos?– isto é, integrando os saberes e rompendo os
casulos das amarras disciplinares e dos conceitos acadêmicos monológicos em
suas defesas hegemônicas. Vale dizer, remontando a Edgar Morin: com uma
metodologia de estudo que aponte para a religação dos saberes.
Olá Edna,
ResponderExcluirMto mto boa sua postagem!!!
Obrigada pelo espaço e por compartilhar :)
Um abraço,
Rosi.