Atividade Social e Bem-estar da Pessoa Idosa |
A Organização Mundial de Saúde assim
define: "a saúde é o bem-estar físico, psíquico e social".
Você acredita que grupos de convivência
são importantes para o bem-estar da pessoa idosa? Considera que o estudo desse
tema é importante para a Gerontologia?
As definições de grupo e de convivência dadas pelo dicionário por
si já servem para problematizar o tema. São elas: "Grupo (Sociologia) — sistema de
relações sociais. Grupo de pressão — o mesmo que lóbi. Grupo étnico — pessoas que se identificam. Convivência é: o ato ou
efeito de conviver. É a frequência de trato íntimo e mútuo.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam. pt/
dlpo/conviv%C3%AAncia.
Num grupo de convivência importam as
forças de pressão que as relações interpessoais exercem sobre o indivíduo?
Importam mais as configurações das relações sociais: suas propriedades e suas
qualidades? Importam as identificações que as pessoas trazem de outros
agrupamentos mais do que aquelas que serão estruturadas a partir do novo
agrupamento? Além de grupo etário o que caracteriza um grupo de idosos cuja
tarefa é conviver, ou seja, cuja tarefa é o próprio agrupar-se?
‒ Por que e para quê repensar os
grupos de convivência? Como elaborar atividades que se coadunem com os
referenciais teóricos cientificamente reconhecidos no campo da saúde? Qual
o número ideal de participantes desse tipo de grupo?
Bem-estar e funcionalidade são
equivalentes, implicando em: autonomia e independência. Autonomia significa
capacidade de decisão e comando sobre as ações individuais, estabelecendo e
seguindo as próprias regras. Independência é a capacidade de realizar algo com
os próprios meios. Funcionalidade é o produto da preservação da cognição, do
humor, da mobilidade e da comunicação.
Preservar a cognição implica
em estimular as inteligências múltiplas: raciocínio lógico, espacial, numérico,
verbal, artístico, etc.
A preservação do humor tem a ver com
autoestima e o cuidado. Rir é bom desde que não seja da desgraça do outro
ou de si próprio. Nesses casos, o correto é manter-se sério. Aproximar-se de idosos não implica em questioná-los sobre suas
doenças. Ajudá-los em seu equilíbrio emocional não quer dizer fazê-los erguer a
mão para dizer sim à pergunta: "quem sofre de depressão?"
A preservação do humor tem a ver com manter o instinto de Eros. É preciso manter a chama acesa. Isso
significa ter projetos, lutar por suas opiniões e pela inserção nos espaços
sociais. Significa manter a curiosidade, exercer a cidadania plena para valer
seus direitos e os dos demais. Significa expressar-se
livre e criativamente. Ou seja, cabem projetos de ensino de artes plásticas
e cênicas, de literatura, de História e de música. Lembro ao leitor que a sétima
arte (Cinema) é derivada das Artes Cênicas, das Artes Plásticas (fotografia),
sem falar da literatura e da música que já percorreram séculos de mãos dadas
com o teatro.
Preservar a mobilidade implica
na realização de atividades físicas pelo menos três vezes por semana. Jogos
(cartas, dados, etc) e artesanato (bordado, crochê,...) e palavras cruzadas não
são opções para substituir as atividades físicas para os idosos.
Num grupo grande é necessário organizar
subgrupos para fortalecer os laços necessários para o
convívio. Pois cada pessoa idosa tem sua personalidade, sua história de vida
diferente das demais, desta forma, precisa ser acolhida de forma a se sentir
confirmada como pessoa. O ideal é que os grupos de convivência incluam
conversas em grupos de 5 a 10 pessoas. Conversa em grupo não tem
'chefe' e sim facilitador da interação espontânea e empática.
Os palestrantes, professores ou
oficineiros que atuem nesses grupos devem voltar suas falas PARA A SAÚDE, já
que aprendemos nos cursos de graduação de ciências da saúde que indagar sobre
moléstias que atingem uma pessoa específica é
reservado para o momento de entrevista individual onde o sigilo é devidamente
mantido.
Todos os que se interessarem pelo
tema deverão visitar vários grupos de convivência. É necessário
fazer anotações e desenvolver estratégias de escrita e outros tipos de
registro como forma de se 'lembrar' dos lugares visitados, dos perfis das
instituições e dos projetos que oferecem para o público.
Ler é imprescindível para quem quer se dedicar a grupos de idosos. Cito alguns estudos diretamente ligados ao tema da convivência grupal e do idoso:
BENETTI, Tânia R. B.; MAZO, Giovana Z.;
BORGES, Lucélia J.; Condições de saúde e nível de atividade física em idosos
participantes e não participantes de grupos de convivência de Florianópolis.
Revista Ciência e & Saúde Coletiva (2012).
DIAS, Aline O.; SOUZA, Luciana
K. - Motivações de Idosos para Participar em Grupos de Convivência: uma revisão
de literatura.
SILVA, Maria Izabel. KINOSHITA,
Fernando. A Participação dos Idosos nos Grupos de Convivência Como
uma Possibilidade de um Envelhecimento Saudável. EXTENSIO: Revista
Eletrônica de Extensão Ano 6 • n. 7 • Julho de 2009 • ISSN 1807-0221 145.
Cito ainda outros estudos ligados à saúde do idoso e que acrescentam também ao tema supra:
MAZO, Giovana Z.; LOPES, Marize
A.; BENETTI, Tânia R. B.; Atividade Física e o Idoso: concepção
gerontológica. Porto Alegre: Sulina, 2009.
MORAES. Edgar Nunes de. Processo de
Envelhecimento e bases da avaliação multidimensional do idoso. In: Envelhecimento e saúde da pessoa Idosa. Fiocruz.
2008.
http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_215591311.pdf.
Tanto as visitas a grupos como as leituras servem para que estudantes façam suas próprias anotações e registrem suas reflexões.
O estilo de tecer anotações é peculiar a cada pessoa. Professores costumam indicar roteiros para que visitas sejam anotadas. Um texto de registro comum é o feito em forma de 'reportagem' ou 'diário de bordo'. Nele constarão os fatos observados como foram 'sentidos' e percebidos sob o viés dos filtros dos conhecimentos teóricos e profissionais de quem descreve.
O estilo de tecer anotações é peculiar a cada pessoa. Professores costumam indicar roteiros para que visitas sejam anotadas. Um texto de registro comum é o feito em forma de 'reportagem' ou 'diário de bordo'. Nele constarão os fatos observados como foram 'sentidos' e percebidos sob o viés dos filtros dos conhecimentos teóricos e profissionais de quem descreve.
O treino de observação só vem com
muita prática de trabalho com redes sociais. Os paradigmas que regem um projeto
só serão identificados por profissionais treinados para tal.
A escritora desse texto considera-se uma
visitante experiente de projetos, pois exerceu durante sete anos o cargo de
supervisora de ensino em São Paulo (capital). No exercício do cargo referido
internalizou a cultura do 'registro' como aprimoramento dos trabalhos em
projetos coletivos em redes educativas/educadoras.
Devido à formação em Psicodrama,
a escritora desse texto utiliza a palavra 'jogo' (em seus textos autorais)
para referir a técnicas úteis para grupos de convivência e similares.
A escritora desse texto descreveu
vários jogos nos blogs NETIATIVO
e Aquecendo a Escrita nas
postagens que são fruto de experiências didáticas nos anos 2012, 2013 e
2014. Para ler, procure os textos naqueles blogs cujo título inclua a
palavra 'diário' (de classe), 'relato', 'diálogo', 'jogo'. A exemplo do que
consta no link:
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