sábado, 24 de outubro de 2015

Visita à Casa Divina Providência.

Hoje, um ensolarado sábado de primavera, Mariza Meksenas e eu (Edna Domenica Merola), pedagogas paulistas aposentadas, fomos visitar as irmãs da Casa Divina Providência. Casa essa  onde moram as irmãs não só em Congregação, mas também em maioridade. Refiro-me à maioridade preconizada pela Estatuto do Idoso. 
Poderia dizer uma residência de longa permanência (I.L.P.I.), mas para quem conhece a Casa e fez amizades por lá  não percebe o local como mera instituição. Os laços fraternos religiosos unem as residentes. 
Mas o que explicaria o fato de tantos funcionários simpáticos e eficazes? Irmã Marly responde isso de forma academicamente competente, já que em sua Especialização em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (UFSC. 2015.) pesquisou a interação de membros de equipes multidisciplinares em ILPIs, identificando que a qualidade dessa interação tem impacto na qualidade do atendimento à pessoa idosa. 
Tive o privilégio de ser sua colega de curso e de ser convidada a conhecer a Casa. Aprendi muito sobre solidariedade indo lá. Aprendi que ajuda é via de mão dupla: uma especialíssima maneira de interação.
Mariza e eu levamos haicais para ler nessa visita matinal que começou às 9 e terminou às 10 horas. Lemos haicais, cantamos, fizemos expressão gestual, desenhamos. 
Por sugestão criada por Mariza durante a atividade, usamos um haicai para 'apresentação' das irmãs. Perguntávamos : Que flor é esta, que perfuma assim toda a floresta? E todas diziam o nome da pessoa que apontávamos. 
Vi lindos sorrisos... Rostos presentes de quem saiu do 'claustro' e confraterniza... Vi-me em seus semblantes, mesmo esquecida de mim para focar atenção nelas e perceber algum recurso útil para nossa 'aula' de leitura de haicais. 
Quem está lendo essa postagem quererá saber pormenores tais como: participaram três cadeirantes, duas com andadores, duas com bengala. Faixa etárea: 90% acima dos 80 anos. Todos esses informes são aproximados... 
Só informo com certeza que saí de lá alegre.
Só informo com presteza que as irmãs gostaram desses haicais que transcrevo a seguir. 

(Autor Carlos Seabra)

que flor é esta,
que perfuma assim
toda a floresta?

flor amarela,
no vaso, vê o mundo
pela janela.


sol na varanda –
sombras ao entardecer
brincam de ciranda.
  

(Autor A. A. de Assis)

Vós que, sobrevivos,
a mais que os demais amais,
uni-vos, uni-vos.

Leio no jardim.
Ideias há e azaleias
em redor de mim.


Passa a teoria
por debaixo do arco-íris.
Vira poesia.

De braços abertos,
sobe o pinheiro. Subindo,
deixa o céu
m
a
i
s

l
i
n
d
o





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